Get ready, "Set", Go!!


A génese e filosofia são orientais, embora a paciência não seja uma forte qualidade do...paciente. A avidez com que se engolem degraus, dois a dois, denuncia a chegada em cima da hora e diagnostica que da forma física - apesar de perdida pela já longa paragem - ainda subsistem resquícios, cada vez mais ténues. Tempo agora para retemperar forças e equilibrar yin e yang com vigorosa massagem medicinal, em instável fronteira entre prazer e dor, com maior pendor para a segunda.
É já no próximo dia 18 de Junho que o Coliseu de Lisboa virá abaixo (esperemos que apenas no sentido figurado:-) com a actuação dos Dream Theater, dando as boas vindas ao Verão, prestes a chegar. Aliando o virtuosismo dos seus componentes - com destaque para o trio composto por John Petrucci (guitarra), Jordan Rudess (Teclados) e o "monstro sagrado" Mike Portnoy (bateria) - à opção por sons pesados mas, contudo, melódicos, os DT são diferentes por opção própria e não apenas porque sim. De dificil etiquetagem - precisamente por não se enquadrarem propriamente em nenhuma corrente mainstream - a sua sonoridade metálica progressiva nem sempre opta pelo mais fácil para o ouvido, antes enveredando por experiências sinfónicas e obrigando-nos a por elas viajar, decantando-as antes de as consumir. Tal como um paladar apurado e sofisticado não se obtem de um dia para o outro, também o ouvido necessitará de alguma persistência para os acordes que ecoarão pelas portas de santo antão. O resultado final será sem dúvida merecedor da energia dispendida e estará à altura das expectativas criadas. 




Aqueces-me o coração. Aprisionado em ti, no frio dos dias livres que passo contigo, ruboresce de calor e alegria...mesmo quando confrontado com o gelo dos teus pés. :)
O Sol vai baixo, escondendo-se atrás da ponte e fazendo brilhar as catenárias do caminho-de-ferro. Postal triste, este que consulto no expositor deste dia. Não o quero comprar. Afago a porta do carro enquanto este se desloca, rumo ao início de todas as coisas e turva-me o olhar, as lágrimas que dispendo, assim como por vezes me turva o pensamento, o amor que não negoceio. Por ti. 

Foto: Carris
Sentado na barcaça de transporte de materiais para o rio, o engenheiro bebia mais um trago da cerveja oferecida - instantes antes - pelo pessoal do estaleiro. Esperava e exasperava - em vão - pela resolução da avaria do satélite que lhe havia de transmitir as coordenadas correctas para a implantação dos pilares principais da ponte que procurava construir. Olhava a jusante, procurando um ponto de apoio, mas a neblina - que teimava em persistir - impedia-o de o fazer. De tal forma era, que por vezes tinha a sensação de que ele próprio é que não tinha capacidade de enxergar, cego que estava pela sua abnegação à causa de unir as duas margens. Afinal de contas, era tudo o que desejava. Castigado pela fria brisa que soprava rio acima, aconchegou a gola do blusão ao pescoço, assolado por questões que pareciam ultrapassá-lo, não obstante todo o seu empenho.
Mapa Mundi, de Ptolomeu

Guardo o teu sabor nos meus lábios e o teu cheiro nas minhas mãos...guardo-te no meu espírito, enquanto aguardo que me guardes em ti e te faças minha, da mesma forma e proporção que eu já sou teu.
Não procuro o conforto da mediocridade certa, mas antes a certeza do verdadeiro amor. 


Corro pela aurora, sentindo o vento fresco na cara e as poucas horas de sono no corpo. O caminho estende-se a perder de vista, ladeando o rio e levando-me para longe. Para trás ficam os problemas, as preocupações, as amarras, as tristezas. Nestes instantes, em que apenas os primeiros raios de sol me conseguem atingir, sou livre. 
"Three Ballet Dancers", Degas

Photo: Thomas Mayer
Palavras. Desenhos. Esboços gráficos, pictóricos de episódios reais ou imaginários. Hemingway, Picasso,
Sepúlveda...tantos outros! Todos o utilizaram para registar momentos...fossem eles esquiços da vida real ou simplesmente inspirações momentâneas, expontaneidades dignas de nota. Com a ajuda da tinta ou do carvão, liso ou pautado, esteve sempre lá, umas vezes qual barragem abraçando avalanches de criatividade concentradas na ponta de um lápis, de uma caneta, de uma esferográfica; outras tantas como catalizador, condutor de correntes literárias e artísticas menos...electrizantes. Prático, simples, encantador e com algo de misterioso para quem - de fora - observa o seu manuseio, que dele brotem as palavras, semeadas pela caneta e que dele floresça a escrita, adubada pelas emoções.

"After the bath, woman drying herself", Degas




"Mulher Adormecida", Pablo Picasso
