Palavras que Brotam

30 abril, 2006

Ser

Sê a (minha) musa inspiradora de incontáveis odes.
Sê a água cristalina que (me) sacia a sede...com o sol a bater.
Sê o retoque final no (meu) quadro inacabado.
Sê a peça que falta no puzzle dos (meus) dias.
Sê a aragem de fim de tarde, no dia de Estio.
Sê o chilrear do pássaro na (minha) árvore.
Sê o descanso (das minhas mãos, enquanto te percorro), no fim de mais um dia.
Sê o vento que enfuna as velas do (meu) veleiro.
Sê a lareira crepitante, no regresso a casa de um dia frio e chuvoso.
Sê a bússola que guia (os meus olhos), na amazónia cinzenta do quotidiano.
Sê o riso que anseio, no fim das (minhas) piadas...sem graça.
Sê a fruta que trinco, para aplacar a fome (do meu desejo).
Sê tu mesma e deixa-me ser.
Completa-me.

Kings Of Convenience

...na Aula Magna.
Confesso que não conhecia. Tinha apenas ouvido uma música algures. Onda calma. Bom concerto. A leveza, pureza, quase ingenuidade das canções, é contrabalançada pela presença afectuosa, calorosa e viva dos intérpretes, a fazer esquecer que estamos perante Noruegueses (!).
De assinalar, os artistas convidados que se integraram muito bem, com destaque para o violino e o esforço em tocar algo conhecido da nossa língua - ainda que se tenha tratado de uma canção brasileira - bem como uma versão muito própria - mas muito conseguida - do "In vain" do Bob Marley.
A chamada do público ao palco foi um final apropriado para o ambiente caloroso e bem disposto que foram sabendo construir connosco. Teria dado mesmo uma excelente foto para o post, não fosse o telemóvel 3G estar ainda a caminho.
Ainda bem que há amigos e amigas que arranjam convites e se lembram de nós. A propósito....obrigado!! :)
Já agora, se houver alguém que arranje um convitezinho para os Pearl Jam, eu também ia ficar muito agradecido. Ui, isso aí entãooooo...é que era!!!!!

27 abril, 2006

Uncle Sam, with a twist

Aceitam-se candidaturas para Princesa Encantada.
Jovem, se és do sexo feminino, tens mais de 18 anos, um palminho de cara, és inteligente, carinhosa e tens sentido de humor, alista-te.
I want you for TLC.

(Im)perfeições

Vivemos obcecados pela perfeição, pela obtenção do que não temos. Tudo nos falta, nada nos chega. A nível material e emocional. Li algo a respeito disto num post num blog "amigo" ;), onde deixei o seguinte comentário: "Andamos à procura de nada e de tudo. De alguém e de ninguém. E parece que nada nos satisfaz... "
Falta-nos sempre qualquer coisa e podíamos sempre estar melhor, ter mais e...quem nos quer podia sempre ter mais alguma qualidade ou menos algum defeito.
Querer mais e melhor, foi sempre o que guindou o Homem na sua evolução, mas aquilo de que falo é o facto dessa vontade parecer estar a consumir-nos a felicidade...a nossa e a capacidade de fazermos feliz o próximo.

21 abril, 2006

Tempus Fugit


4 dias. 4 dias de liberdade, em jeito de comemoração do Feriado que se avizinha. 4 dias, que se traduzem na libertação de um só dia das férias do ano passado...3 irmãos ficaram ainda aprisionados, fazendo companhia aos novos 25 reclusos deste ano. Viva a liberdade! Viva as mini-mini-mini-mini-férias! 4 dias de evasão a correr à velocidade da ilusão, mesmo que seja para "ficar por cá". Vai passar depressa...mas enquanto não passaaaaaa.....YAAAAAAHOOOOOOOOOOO!!!!!

19 abril, 2006

Casos


Embrenhado nos seus pensamentos, os acordes da melodia que ouvia repetidamente, soavam agora cada vez mais distantes. Fechava os olhos na esperança de a ver, para os abrir de seguida, na esperança de a esquecer. Em vão. O gelo rodopiava no copo, imitando-o nos seus rodopios mentais. Quem seria ela, de facto? Como teria subido tão alto em tão pouco tempo na sua escala de afectos, ao ponto de lhe roubar os pensamentos? Valeria a pena? Seria acaso do destino? "Caso médico, caso de polícia, caso perdido ou...caso com ela?", pensou, esboçando um sorriso, enquanto o ocaso se desenrolava diante si. Ainda não tinha descoberto algo que não casava bem nela: parecia bonita, sem ser deslumbrante; parecia bem disposta, sem se rir por qualquer coisa; parecia inteligente, sem ser arrogante, parecia sensível, sem ser lamechas; parecia sofrida, sem ser mártir; parecia simpática, sem ser interesseira...caso não estivesse enganado.
Sabia que não era casada, mas...teria ela algum "caso"? Seria caso de amor? Caso ocasional? Ou seria caso de estar a casar as cores de uma amizade?
E seria de fazer caso de tudo isso? Estava a ficar um caso sério, o fascínio que ela exercia sobre si. Caso conseguisse penetrar na sua mente, poderia saber se podia dar o caso por encerrado ou não. O receio de deitar tudo a perder ou de experienciar um casual, mas intenso, amargo de boca, levava-o a hesitar, enquanto se deliciava, em casa, com a imagem do seu sorriso. Era caso para pensar no assunto.

16 abril, 2006

Medos

Medos...desafiaram-me para escrever sobre os meus medos. Ui, medo!
Pelo que já vi, isto deve ser uma espécie de praxe à malta nova nestas lides. Vamos a isso, então!
- Em 1º lugar, tenho medo de escrever sobre os meus medos, principalmente em blogs pirosos, como este.
Isto começa bem...bom, há que procurar vencer os medos.
- Tenho medo da morte. Um medo de morte, direi mesmo. Medo da minha morte, medo da morte daqueles que me são queridos. Medo de morrer, medo de receber uma notícia trágica, assim, de repente. Embora apareça aqui em 2ºlugar, derivado da tentativa - aliás, fracassada - de fazer humor em relação aos medos, a verdade é que este é mesmo o maior de todos eles. É, talvez, uma das desvantagens de ser um ateu convicto...
- Tenho medo de ficar fisica e/ou mentalmente incapacitado. Muito medo. De forma total e irreversível. Acho que não o suportaria e esperaria, caso não o conseguisse fazer, que alguma alma caridosa me "eutanasiasse".
- Tenho medo de sofrer. Talvez por já ter passado um mau bocado a nível sentimental, tenho medo de voltar a entregar-me de (*)alma e, de repente, sem aviso, tudo terminar.
* Nota: A omissão do "corpo" foi propositada, uma vez que para sofrimento, já basta ter dificuldade em entregar a alma ehehehehe
- Tenho medo de ficar preso num sítio escuro, sem luz e sem ar, onde não me possa mexer. Nada de cenas com elevadores, com isso posso eu bem. Aqui é mesmo uma coisa mais elaborada.
- Tenho medo de ser enterrado vivo. Tipo, não estar bem morto e, por exemplo, o gajo da autópsia (vulgo, médico-legista) estar com uma bezana ou com pressa para ir ter com a amante ao apartamento arrendado para esse efeito e não fazer bem o trabalhinho dele e depois dar por mim, dentro do caixão, vivo, sem possibilidade de escapar nem de me mexer. Já vi isto num episódio da 5ªdimensão ou do Hitchcock e virá daí a fobia...ou então é um mix de medos acima descritos (2º e o 5º). "Sleep well!" UUAHAHAHAHAHAH
- Répteis e tal. Não fico paralizado, o medo não chega a esse ponto, antes corro para longe dali o mais depressa possível ou vou buscar a mais letal arma que consiga encontrar nas redondezas para executar o pobre bicho, se me sentir ameaçado (os defensores dos animais que me perdoem neste ponto). Claro que se for uma cobra pequenina, pouco maior do que uma minhoca, não lhe faço festas, mas também não há grande problema. Se for qualquer coisa um pouco maior que isso, temos problemas (eu e/ou a cobra ou lagartão em questão).
E pronto, se calhar não é muito original, mas pelo menos é sincero.

14 abril, 2006

A Primavera e tal

O nó no estômago...que só tu podes desatar
A sede do beijo...que só tu podes saciar
O perfume do corpo...que só em ti posso cheirar
A ira da falta...que só tu podes aplacar
...Que saudades de me apaixonar

13 abril, 2006

Ouvi Dizer

"Ouvi dizer que o nosso amor acabou...
Pois eu não tive a noção do seu fim!
Pelo que eu já tentei, eu não vou vê-lo em mim:
se eu não tive a noção de ver nascer um homem.
E ao que vejo, tudo foi para ti
uma estupida canção que so eu ouvi!
E eu fiquei com tanto para dar! !
agora não vais achar nada bem que pague a conta em raiva!
E pudesse eu pagar de outra forma!!!
E pudesses eu pagar de outra forma!!!
E pudesses eu pagar de outra forma!!!
Ouvi dizer que o mundo acaba amanhã,
e eu tinha tantos planos p'ra depois!
Fui eu quem virou as páginas
na pressa de chegar até nós,
sem tirar das palavras seu cruel sentido...
Sobre a razao estar certa,
resta-me apenas uma razao:
e um dia vais ser tu e um homem como tu
como eu não fui, um dia vou-te ouvir dizer:
E pudesse eu pagar de outra forma!!!
E pudesse eu pagar de outra forma!!!
E pudesse eu pagar de outra forma!!!
Sei que um dia vais dizer:
E pudesse eu pagar de outra forma!!!
E pudesse eu pagar de outra forma!!!
E pudesse eu pagar de outra forma!!!

A cidade está deserta
e alguém escreveu o teu nome em toda a parte:
nas casas, nos carros, nas pontes, nas ruas.
Em todo o lado essa palavra,
repetida ao expoente da loucura!
Ora amarga, ora doce...
Para nos lembrar que o amor é uma doença,
quando nele julgamos ver a nossa cura..."

ORNATOS VIOLETA

Velhas memórias reavivadas em amena cavaqueira,
trazem à baila sentimentos já enevoados.

As trevas nem sempre são precedidas pelo aviso do entardecer.
Nem sempre o vilão é o estereótipo,
Pois, por vezes, a bela é o monstro, ainda que bela
E o coração, em sangue, ás suas mãos,
nunca mais acelerou o passo.
Fica o poema do grupo, como a razão da memória, também ele já extinto.

12 abril, 2006

Porque é que eu não me deixo de merdas?

"Sofremos muito com o pouco que nos falta e gozamos pouco o muito que temos"

W. Shakespeare

10 abril, 2006

Neblina na sala


O cemitério de beatas, compulsivamente convertidas à ortodoxia do vício, expeliam o fumo, dando à sala uma áurea misteriosa, mística...qualquer coisa entre um templo e uma cena de um filme dos anos 30.
As negras trincheiras escavadas no seu rosto davam-lhe um look de estrela de cinema decadente, mas faltava-lhe o dinheiro para o cocktail do glamour funcionar.
A pele branca, demasiado branca, realçava ainda mais o ar pouco saudável que aparentava.
Todo o cenário denunciava o déficit de horas de sono, como se se tratasse um chulo de meia-tigela a cantar depoimentos à polícia, debaixo de musculado interrogatório.
Andava triste. Estava preocupado. O trabalho subtraia-lhe o descanso merecido, arrancando-o aos braços da mulher, ao carinho dos amigos, cobrando-lhe pesada caução - em horas e ralações - pelo salário que levava para casa todos os meses.
Naquela noite, o tempo fluiu, à medida que despachava mais um trabalho que alguém no escritório se tinha encarregue de rotular como "muito urgente" e que outro alguém se tinha encarregue de lho oferecer, traindo os seus planos de um serão tranquilo ou de um programa a dois.
Faltava pouco para o fim, quando acendeu mais um cigarro e acabou de rever a matéria, com um sentimento misto de orgulho pela missão cumprida e nojo, pela noite em claro, pelo roubo da sua vida.
O noticiário gritado pelo seu companheiro de sala, interrompeu-lhe os pensamentos. Resolveu esperar alguns minutos.
Correu os cortinados, abriu a janela de par em par e trocou o ar pesado e mal cheiroso pela leve, fresca e inigualável brisa da alvorada. O sol preparava-se para aparecer, quando se lembrou que já não via o nascer do dia há muito, muito tempo. Puxou o cadeirão para a janela, apagou o cigarro e inalou a plenos pulmões o ar renovado que entrava pela sala dentro, apenas interrompido por um ataque de tosse, contido a tempo de não acordar o resto da casa.
Ali ficou, deleitado com o espectáculo, como ficamos todos nós, quando o vemos, como se da primeira vez se tratasse.
Um sorriso solitário inundou-lhe o rosto, à medida que o astro o fazia semicerrar os olhos e o calor lhe visitava, timidamente, as faces.
Virou costas ao quadro vivo que ali se desenhava e foi para o quarto.
Não a quis acordar, apenas a abraçou delicadamente, feliz que estava por estar e tê-la ali.
Há momentos assim, que compensam tudo o resto.

Há quanto tempo não nos sentamos nós a ver o sol a nascer?

07 abril, 2006

Fuga para a frente




"It’s easier to run
Replacing this pain with something numb
It’s so much easier to go
Than face all this pain here all alone
Something has been taken

From deep inside of me
A secret I’ve kept locked away
No one can ever see
Wounds so deep they never show
They never go away
Like moving pictures in my head
For years and years they’ve played
If I could change I would Take back the pain I would

Retrace every wrong move that I made I would
If I could take all the shame to the grave I would
Sometimes I remember The darkness of my past

Bringing back these memories I wish I didn’t have
Sometimes I think of letting go And never looking back
And never moving forward so There would never bee a past
Just washing it aside All of the helplessness inside

Pretending I don’t feel misplaced
Is so much simpler than change
It’s easier to run replacing this pain with something numb

It’s so much easier to go Than face all this pain here all alone"

LINKIN PARK

Alguém desiludido contava, em tom de desabafo, que pensava "ir embora".
Tornar-se ermita e viver da terra, era o projecto.
Fugir das chatices, das injustiças, dos desencantos.
Por mais que nos custe, os problemas acompanham-nos.
Por mais recôndido e inóspito que seja o destino, esses companheiros de viagem incansáveis não nos abandonam.
A nossa cabeça é o seu veículo de transporte. É também nela que habita a solução.


04 abril, 2006

Sonho de uma tarde de Verão

Fim de tarde abafado, astro moribundo mas ainda refulgente.
Os corpos, entrelaçados. Lianas humanas, buscando o sol orgásmico, numa selva de emoções.
O suor escorria-lhes em bica, pela testa, pelas costas, pelo torso, qual cascata edílica.
O pecado - se o houvesse - por certo não moraria ao lado, mas sim ali.
A vergonha e o pudor, definitivamente expulsos daquele quarto, abriram alas ao festim dos mais recondidos prazeres; outrora abordados, agora descobertos na sua plenitude, em união e comunhão. De facto.
Amantes de ocasião, embrenhados num escalar de sensações? Amor ímpar, impregnado do mais forte condimento? Não interessava. Naquelas quatro paredes de estuque fendido, nada mais interessava. Nem o Mundo lá fora, nem os outros, muito menos o amanhã.
Ele para ela. Ela para ele. Tudo o que queriam, tudo o que precisavam, ali estava confinado.
Abandonavam-se ao ritual, contorcendo os corpos ao ritmo do desejo, como se de um encantamento se tratasse.
E não seria?

03 abril, 2006

À tua, B.


Retemperando energias para o resto da dura semana, a noite foi embalada pelos quentes sons de B.B. King e sua partner.
Incrível o que o som de um instrumento pode transmitir em termos de sentimentos. É nos registos mais tristes e melancólicos que todo o virtuosismo do King of the Blues se revela, seja na voz rouca e cheia de groove, seja - principalmente - na forma como faz Lucille brilhar, por entre acordes ardentes e plenos de feeling. É quase como num espectáculo de um ventríluquo em que o artista tudo faz para que creiamos que a estrela é, afinal, o fantoche.
Por entre dois tragos de espirituosa poção, relembrei quantas noites este duo me fez companhia, em épocas mais emocionalmente conturbadas, parecendo sempre que actuavam para mim, solidários que estavam com a minha melancolia. Bem hajam. À tua, B.!

Matemáticas

Somos o que somos e calculo que também somos produto das nossas escolhas.
Somos produto da Sociedade e soma dos episódios da vida.
Multiplicam-se perante nós as situações que nos afectam e nós, divididos, sofremos ou alegramo-nos, conforme as circunstâncias, procurando subtrairmo-nos à equação, quando a tristeza é maior do que a alegria.
Positivo ou negativo, o impacto é, por vezes, a incógnita.
O acaso, essa grande variável desconhecida é, afinal, uma constante do nosso dia a dia, qual efeito borboleta da teoria do caos, verdadeiro ruído branco na matriz das nossas vidas.