Palavras que Brotam

30 junho, 2007

Metalli"K"a

\m/
Perdida a actuação dos Stone Sour em prol da exigente vida laboral, foi já ao som das guitarradas de Joe Satriani que se procurou aplacar a fome e a sede trazidas para dentro do recinto. A noite caiu, ventosa, questionando o porquê de - uma vez mais - se ter trazido apenas uma t-shirt vestida. Num verdadeiro concerto para conhecedores, os Metallica brindaram a assistência com quase 3 horas de um espectáculo poderoso, mesmo para aqueles a quem os acordes mais pesados não dizem muito. Esquivando-se a alguns temas julgados incontornáveis por muitos, a banda californiana foi verdadeiramente "ao baú" retirar inúmeras canções dos primeiros álbuns que fizeram as delícias dos mais ferrenhos e puristas adeptos destes monstros do Metal.
Tende-se a esquecer que as bandas são compostas por músicos e que estes são pessoas como nós, com qualidades, defeitos, alegrias, tristezas, dias bons e menos bons. Não colocando em causa o profissionalismo nem o virtuosismo da banda, diria que no Rock in Rio os Metallica estiveram ao seu mais alto nível, fruto, quiçá, da - ainda maior - moldura humana ou de um dia mais inspirado, ao passo que no Super estiveram em noite mais...contida. Terá sido a conjugação do factor humano (músicos e público) a fazer a diferença (a tal diferença que faz com que os concertos sejam momentos mágicos e não haja dois iguais) ou apenas um certo...dispersar de atenções por parte de um ou outro membro da assistência a provocar esta impressão? :-). Certo, certo é que o tempo foi dado por bem empregue e nem o vento estragou o momento. Afinal de contas...nothing else matters! :-) \m/

25 junho, 2007

Horizontes...

Guardo o teu sabor nos meus lábios e o teu cheiro nas minhas mãos...guardo-te no meu espírito, enquanto aguardo que me guardes em ti e te faças minha, da mesma forma e proporção que eu já sou teu.
Guardo na alma a esperança da tua velhice, o sorriso do teu rosto na minha face e o doce do teu olhar no meu. Tudo. Quero guardar tudo e nada mais que isso...porque é isso mesmo que te ofereço. Porque é apenas isso que desejo dar e receber: a plenitude de ti...uma paisagem a perder de vista, onde possa espraiar o meu amor, espalhar o meu carinho, estender a minha mão...onde guardo o teu cheiro e te ofereço o meu coração.


"Bailarina posando para fotografia", Degas

17 junho, 2007

Certezas

Não procuro o conforto da mediocridade certa, mas antes a certeza do verdadeiro amor.
É a ti que me ofereço, em chamas, chagas...à flor da pele.
É em ti que deposito o meu coração.
Cristall Falls, Vancouver Island

"Quero ir ao fundo do sonho,
quer seja poço ou clareira,
fonte ou réstea derradeira
de esperança.
Quero saber todas as coisas que há para ver,
mesmo as que fazem sofrer,
como eu sei.
E logo deixar de lado
a ilusão
como pedra que se arrasta
e nos parte o coração."

Guy Lucas

12 junho, 2007

Alterações Climáticas



Ouvia-lhe a voz e sentia-lhe o timbre das palavras na garganta, plenas de intensidade.
A uma ténue linha de distância, cada som proveniente daquelas cordas vocais soava-lhe a acordes de uma melodia que ainda não conhecia muito bem, mas que definitivamente lhe tinha ficado no ouvido e no coração. Eram meros decibéis, mas - emitidos em determinada frequência - pareciam ter tido poder suficiente para atravessar as paredes que tinha erguido diante de si, por mais bem isoladas que as julgasse ou por mais bem impermeabilizadas que parecessem estar ao frio na espinha que o calor das palavras dela lhe provocava.
As alterações climáticas no seu espírito haviam provocado um degelo de sentimentos há muito guardados no glaciar da sua alma e estavam agora - sem dúvida - na agenda do seu pensamento.
A curto-prazo, o quente abraço ansiado certamente provocaria uma subida generalizada do nível do mar de emoções que o banhava. Bendito efeito de estufa...

Glaciar Portage, Alaska.
Photo: Gary Braasch

06 junho, 2007

Foco


Ferem-me, os vértices dessa figura geométrica. Corto-me nas arestas desta paixão que - de tão redonda - não consigo explicar por teoremas ou teorias. E, no entanto, demonstro-a, provo-a...mesmo sem te ter provado; Tomei-lhe o gosto agri-doce na boca...ainda antes de ter sentido o sabor dos teus lábios nos meus.
Não pára de me espantar, a fome que tenho de ti e como sorvo cada segundo da tua presença com a sofreguidão de quem há muito não degustava tamanhas sensações. Nessas alturas - em que o tempo voa e o mundo pára - sacio a minha sede, bebendo da palma da mão que recebe a tua. Nesses instantes - em que os teus olhos são o meu universo - nada mais vejo, envolto que estou no manto do teu abraço.
Tudo o resto é ruído, porque no silêncio de um olhar de mil palavras feito, nada mais há do que uma imensa paz, um sorriso de felicidade, uma terna alegria de viver.
"O Beijo", Rodin