Palavras que Brotam

24 julho, 2007

Viagem de Fé

Mapa Mundi, de Ptolomeu
«Fé é o mesmo que acreditar ou confiar , geralmente por questões emocionais; por algum motivo geral ou pessoal, por alguma razão específica ou mesmo sem razão bem definida(...)», in Wikipédia

«Fé
s.f.
do latim fide, confiança
(...)
crença, convicção em alguma coisa ou alguém(...)», in Texto Editores

Quero que me descubras, enquanto me perco nos trilhos da tua pele e sorrio perante os caminhos que imagino percorrer em ti.
Quero navegar-te, instrumentalizando as minhas mãos e os teus olhos, quais astrolábio e estrelas, numa viagem ás profundezas do teu ser.
Quero descobrir-te; passar a prova(ção) nos mares revoltos dos teus humores; atingir a paz estratosférica dos teus carinhos e nela ficar a orbitar...
Quero que acredites. Quero que no meio da incredulidade que marca os dias que vivemos, no meio da descrença que o Mundo nos inspira, em redor das desconfianças que outros instigam...acredites nesta viagem; não como um qualquer dogma de uma qualquer religião, mas apenas com a fé com que a sinceridade e expontaneidade de pequenos nadas nos pode bafejar.
Enfim, quero-te.




09 julho, 2007

A praia pode esperar


Uma semana antes das tão ansiadas - e por diversas vezes comprometidas - férias, o reencontro com as quentes areias e frescas águas foi de novo adiado. Desta feita, o bronze da pele e os óleos solares cederam perante os óleos, os gessos, as telas, o ferro e muitos outros materiais utilizados na concepção das inúmeras obras de arte arrecadadas por Joe Berardo, na sua vasta colecção patente no CCB.
Se nas zonas dedicadas à arte minimalista e ás correntes de Warhol e companhia, o exercício de procurar manter o espírito aberto a outras formas de arte foi testado ao extremo em algumas peças visionadas (e ainda assim algumas vezes com claro fracasso), foi no piso intermédio que a atenção se prendeu e os sentidos mais reagiram, perante a área dedicada aos surrealismos. Ainda que as duas obras de Picasso estivessem confinadas a um estreito e sombrio corredor de passagem, o que só se pode justificar pela tentativa de limitar os tempos de paragem e contemplação dos visitantes - e ainda assim, é criticável - foi tempo de alargar um pouco mais os leigos conhecimentos, descobrindo algumas interessantíssimas obras de outros seguidores desta corrente artística, como Magritte ou Dominguez. Oportunidade ainda para vislumbrar importante espólio fotográfico do magnata, lamentando não ter a oportuna companhia de amizades mais versadas na área e que certamente poderiam dar uma perspectiva mais enriquecedora do que se observava.
A procura auto-didacta do conhecimento artístico vai-se procurando fazer assim: um tactear despretencioso e um olhar genuíno, contemplando o grotesco e o belo, sempre com sede de conhecer mais.
"O Beijo", Óscar Dominguez(?)

05 julho, 2007

Corrente Ascendente


Voo ao teu encontro para me aninhar em ti...porque me queres tu cortar as asas?
Alimento-me dos nossos sentimentos um pelo outro...porque me ofereces as migalhas das tuas incertezas, o veneno dos teus medos?
Aqui me tens. Sem restrições, sem jogos, sem dúvidas, sem mácula. Apenas para ti. Porque me afastas tu?
Não tenho medo. Não tenho medos. Derroto, destruo, esmago quem ou o que me aparecer pela frente. Combato exércitos, venço batalhas, ganho todas as guerras...apenas não as posso travar sozinho. Preciso de ti a meu lado...
Julgamentos? São para os réus. Nós apenas somos testemunhas do que cresceu entre nós.
Mais certezas? Talvez apenas a da nossa derrota, no dia em que finalmente voar para longe, com o olhar turvo, a garganta seca, pejada de lágrimas e as asas cortadas, num vôo rasante que me leve de volta às frias e espessas paredes da indiferença, ás alturas seguras do sentimento mediocre e comedido.
Digo, faço, sinto, demonstro. De que mais precisas? Que mais posso eu fazer para que venhas ao meu encontro e te juntes a mim na caminhada da vida? Anda...afasta essas nuvens negras e vem para aqui.
Alcança-te. Alcança-nos. Ultrapassa as barreiras. Excede os limites. Quebra as regras. Abre as asas. Voa comigo.
"A oferenda", Picasso