Greve a Metro

A situação é grave...aliás, é greve.
Os trabalhadores reinvindicam e o país pára. Deixam de se fazer cirurgias nos blocos operatórios e os comuns mortais atrasam-se para os seus empregos. A minha pergunta - e respectivo desabafo - vai no sentido de questionar se alguém se dá ao trabalho de fazer as contas a quanto custa tudo isto a todos nós, contratempos à parte. Tomemos o exemplo da greve do Metropolitano - do qual sou utente diário - e façamos um pequeno exercício académico...apenas contas de merceeiro.
Ora bem, segundo notícias divulgadas, a greve do Metro prejudicou a vida a mais de meio milhão (leram bem!) de pessoas, em cada um dos dias. 500.000 pessoas que tiveram de utilizar transportes alternativos apinhados e desorganizados, onde nem os motoristas sabiam onde parar. Suponhamos que dessas 500.000 pessoas, 40% optou por levar o carro, 40% utilizaram os transportes alternativos e 20% outros transportes públicos. Uma vez que normalmente não somos muito racionais no uso do automóvel, digamos que essas 200.000 pessoas circularam em 120.000 viaturas, metade a gasolina e metade a gasóleo, gastando em média 8 litros em circuito citadino e percorrendo - também em média - cerca de 50 km para ir para o emprego e voltar para casa. Como bem sabemos e a Galp informa, a gasolina 95 está a 1,343 Euros/Litro e o gasóleo a 1,068 Euros/Litro.
Isto perfaz então:
50 Km = 4 litros consumo
60.000 * 4 litros * 1,068 + 60.000 * 4 litros * 1,343 = 256.320 + 322.320 = 578.640 Euros
578.640 Euros * 2 dias greve = 1.157.280 Euros
Debrucemo-nos agora sobre os transportes alternativos que foram colocados à disposição. Imaginemos 100 autocarros, transportando 100 pessoas de cada vez, num percurso médio de 15 Km que terão percorrido umas 10 vezes para cada lado. Suponhamos que um autocarro, com aquele grande motor e carregado de pessoas, consome pelo menos uns 50 Litros aos 100 km. Ora, temos então:
100 autocarros * 100 pessoas *20 viagens = 200.000 (pessoas) ;-)
No TOTAL, temos 1.189.320 Euros, só em factura de combustíveis.
Claro que a isto teríamos de somar a parte maior e mais dificilmente comensurável: as facturas energética (pelo desperdício) e ambiental (pelo aumento substancial de emissões de gases), o custo de aluguer dos transportes alternativos, a quebra de produtividade pelos atrasos dos utentes e das restantes pessoas, uma vez que a greve prejudicou todos, etc, etc, etc...isto é só a ponta do iceberg e o post já vai longo!
Serão as reinvindicações dos trabalhadores assim tão importantes para eles, que tenham de fazer 2 dias de greve numa semana? O que estará em causa no acordo social de que não possam abrir mão? Não discuto...estão no seu direito.... Será mais caro para o Metropolitano de Lisboa e para o País, satisfazer as suas reinvindicações ou pagar tudo o que acabei de referir de cada vez que há greve? Fica para reflectirmos... O que eu sei é que estou farto de greves a Metro...e ás vezes ponho-me a pensar na ironia do nome de algumas estações!;-)